Ontem foi um dia triste para a
arquitetura, perdemos um dos nossos grandes mestres: Oscar Niemeyer. No post de
hoje vou falar um pouco sobre ele, mas não sobre sua biografia, obras, idade e
prêmios, vou falar sobre o Niemeyer que conheci como estudante de arquitetura e
urbanismo e sobre o que aprendi com ele.
Quando eu entrei na faculdade era
fato que não conhecia muitos arquitetos, então toda vez que um professor nos
pedia pra dizer o nome de algum arquiteto, urbanista ou paisagista conhecido eu
e os outros 99% da turma tínhamos o nome de Niemeyer na ponta da língua. Apesar
de não conhecer muito sua obra eu sabia que ele estava envolvido no projeto de
Brasília e em muitas outras obras pelo Brasil afora.
Durante a graduação tive a
oportunidade de visitar muitos lugares e conhecer pessoalmente a sua obra. Em
Belo Horizonte me encantou a Pampulha! Todo o conjunto me deixou fascinada,
principalmente a igreja, quantas curvas! Depois de muito namorá-la pelas fotos
dos livros eu finalmente estava entrando naquela edificação e observando
minuciosamente cada detalhe, fui embora dizendo que faria meu casório ali.
Vista da Igreja da Pampulha - Belo Horizonte/MG |
Em São Paulo fiquei boquiaberta
com o Memorial da América Latina, a escala do projeto era algo que eu nunca
tinha visto. Era uma estrutura gigantesca para a cultura e o lazer e tudo com
as características dele, que eu já havia aprendido a notar: o concreto armado,
as curvas, o grande vão livre...
Memorial da América Latina - São Paulo/SP |
Quando fui a Curitiba estava muito
ansiosa para conhecer o Museu Oscar Niemeyer, que chamávamos de “O Olho” e foi
mesmo emocionante estar mais uma vez diante de suas obras. Naquela altura eu
começava a questionar se edificações tão grandes eram necessárias, pois a
escala monumental não era elaborada para nós pedestres, mas era olhar aquilo
tudo a minha volta e o peito se enchia de admiração. Grande Nini *!!
Museu Oscar Niemeyer - Curitiba/PR |
Posando ao lado de uma foto do Niemeyer que havia no museu |
Mas foi em Niterói que aprendi
uma grande lição com o mestre: a sensibilidade. Não é possível visitar o MAC e
não admirar a sensibilidade do conjunto, a forma como o prédio se insere na
paisagem. Já ouvi comentários bobos do tipo “parece uma nave espacial”, mas aqui
não é o prédio a grande estrela e sim a sua implantação cuidadosamente
planejada, inspirada em cada visada do mar e das montanhas. A rampa curva é só
um detalhe, bonita mesmo é a vista do mar através das janelas que tomam toda a
fachada, é o espaço destinado às obras de arte. No MAC eu senti a arquitetura e
entendi a importância e a diferença de se projetar com critério e com
sentimento.
Museu de Arte Contemporânea - Niterói/RJ |
Claro, aprendi muitas outras
lições com o mestre, mas elas podem ser temas pra outros posts. Eu queria
registrar hoje é esse aperto no coração em saber que o gênio não está mais
atrás da prancheta fazendo seus belos croquis e que daqui pra frente não haverá
outra “grande obra de Oscar Niemeyer” em construção. Mas isso não é o que
realmente importa, o importante são as lições que ele deixou, sejam elas arquitetura
ou poesia.
Adeus Mestre! Obrigada pelos
ensinamentos.
*Fato que não faltavam apelidos
carinhosos.
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